"Para muitos, uma vida organizada, cujo único problema eram as oscilações típicas do Mercado em que trabalhava. Alguns artistas até poderiam, como é comum no meio de arte, achar que ele era um marchand indiferente ao ativo mundo cultural, inteligente e honesto, mas desligado das vivências mais autênticas da obra de arte. Evandro não era um companheiro de viagem, mas o sujeito simpático que cobrava ingresso. Na fantasia de muitos, estava rico. Na de outros, acumulava um vasto acervo em sua casa. Para o futuro – e na imaginação de muitos o futuro já estava feito – Evandro poderia viver, tranquilamente, de obras alheias, destino de marchand – e de um bom marchand. De repente, alguma coisa explode. Um homem, na casa dos 40, muda tudo, transforma o jogo social da identidade, altera as próprias convenções de sua vida, vende a Bolsa de Arte, faz uma galeria, vai inaugurar uma exposição. Não, não pode. Há uma barreira. Não, não é a galeria que não vai bem; não é o mercado de arte que está em crise. Há alguma coisa que não funciona. O desejo diz: não é isto, não pode ser isto. Ei-lo, em 1986, entrando na Fundição Zani, saindo com alguns quilos de barro e, em casa, modelando, faz nascer três pequenas esculturas. E agora? E agora era o começo." (Trecho do texto de Wilson Coutinho, original de 1988, usado também para o catálogo dessa exposição).
Exposição Individual na Galeria Skultura
São Paulo, SP
16 mai. 1989
29 mai. 1989