Exposição Individual na Galeria Ipanema

Rio de Janeiro, RJ
04 out. 1988
24 out. 1988

"Para muitos, uma vida organizada, cujo único problema eram as oscilações típicas do Mercado em que trabalhava. Alguns artistas até poderiam, como é comum no meio de arte, achar que ele era um marchand indiferente ao ativo mundo cultural, inteligente e honesto, mas desligado das vivências mais autênticas da obra de arte. Evandro não era um companheiro de viagem, mas o sujeito simpático que cobrava ingresso. Na fantasia de muitos, estava rico. Na de outros, acumulava um vasto acervo em sua casa. Para o futuro – e na imaginação de muitos o futuro já estava feito – Evandro poderia viver, tranquilamente, de obras alheias, destino de marchand – e de um bom marchand.
De repente, alguma coisa explode. Um homem, na casa dos 40, muda tudo, transforma o jogo social da identidade, altera as próprias convenções de sua vida, vende a Bolsa de Arte, faz uma galeria, vai inaugurar uma exposição. Não, não pode. Há uma barreira. Não, não é a galeria que não vai bem; não é o mercado de arte que está em crise. Há alguma coisa que não funciona. O desejo diz: não é isto, não pode ser isto. Ei-lo, em 1986, entrando na Fundição Zani, saindo com alguns quilos de barro e, em casa, modelando, faz nascer três pequenas esculturas. E agora? E agora era o começo." (Trecho do texto de Wilson Coutinho para o folder da exposição).