Exposição Individual no Palacio Itamaraty

Brasília, DF
28 nov. 1995
06 jan. 1996

“É possível uma erótica hoje? É possível sustentá-la com o horizonte comprimido pelo fim da representação e com a avalanche de teorias desconstrutivas desabando sobre todo o mundo cultural? É possível ainda suportar por mais tempo o pessimismo teórico que nos obriga à angústia e à incapacidade de não podermos mais nos alegrar com o visível? Provavelmente, estas meditações são do fim do século e de um século que soube pregar a todos nós as artimanhas do relativismo, para nos deixar desolados, sem o abrigo da razão? Estas reflexões nasceram, quase ao léu, à saída da casa de Evandro Carneiro, depois de ter visto um conjunto de suas esculturas. A questão mais pertinente era: é possível ainda hoje com granito, bronze, mármore, estes materiais até exageradamente clássicos, já tantas vezes cortado, cinzelado, moldado e modelado, enfim com toda a história destes materiais, é ainda possível uma erótica do visível? Se supormos que sim, que a presença do corpo feminino ainda possa evocar o desejo da representação e que este desejo possa agradar, satisfazer ou emocionar, o trabalho de Evandro Carneiro é uma contribuição para o enriquecimento da ideia visual do corpo feminino." (Trecho do texto de Wilson Coutinho no catálogo da exposição).